

Senador dos EUA chega a El Salvador para negociar volta de imigrante deportado por engano
O senador americano Chris Van Hollen chegou a El Salvador nesta quarta-feira (16) para tentar ver o imigrante salvadorenho Kilmar Ábrego García, deportado "por engano" por Washington, e pedir ao governo que o mande de volta para os Estados Unidos, como exigem os tribunais.
Kilmar Ábrego García, de 29 anos, foi uma das 261 pessoas deportadas a El Salvador em 15 de março pelo governo do presidente Donald Trump, com base na lei de inimigos estrangeiros de 1798.
Desde então, ele está em uma megaprisão de segurança máxima, apesar da ordem de uma juíza americana, apoiada pela Suprema Corte, que pede que ele seja levado de volta aos EUA.
O governo Trump diz que não está em suas mãos fazê-lo voltar.
Ábrego "foi ilegalmente sequestrado e precisa voltar para casa", disse Van Hollen, após desembarcar no país centro-americano em uma iniciativa apoiada por outros congressistas democratas.
O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, recebido por Trump na Casa Branca, disse que ele tampouco tem "o poder" para mandá-lo de volta aos Estados Unidos.
"Como já disse, o objetivo da minha visita é falar com as pessoas daqui sobre a libertação de Kilmar Ábrego García", afirmou Van Hollen em vídeo publicado em sua conta na rede X. "Espero me reunir com alguns altos funcionários do governo de El Salvador", acrescentou.
O congressista democrata disse ter feito contato com a embaixada de El Salvador, em Washington, mas por enquanto desconhece com quem poderá se reunir.
- "Mentiram sobre ele" -
O governo Trump acusa o imigrante, sem apresentar provas, de pertencer à gangue MS-13, considerada "terrorista" por Washington.
"O Departamento de Segurança Interna diz que, se ele se apresentar em um porto de entrada, vão deportá-lo a outro país ou destituí-lo do status de proteção e mandá-lo de volta para El Salvador. Bem, isso seria uma violação direta da ordem judicial", que exigia a "facilitação" de seu retorno, reclamou Van Hollen.
"Eles mentiram sobre ele", disse o senador do estado de Maryland, perto de Washington, onde Ábrego García residia com sua esposa americana.
O governo reconheceu que o salvadorenho foi deportado devido a um "erro administrativo", já que em 2019 um tribunal revogou permanentemente a possibilidade de deportá-lo para El Salvador.
"Trata-se do devido processo, do Estado de Direito", disse Van Hollen, afirmando que os "valentões" começam "atacando os mais vulneráveis".
Trata-se "de respeitar as ordens judiciais" porque "o que separa os Estados Unidos do autoritarismo e da tirania é que respeitamos o Estado de Direito, sem importar seu status ou posição na sociedade", acrescentou.
Ábrego García foi deportado juntamente com um grupo de mais de 200 pessoas, a maioria venezuelanos acusados de fazer parte da quadrilha Tren de Aragua, apesar de o juiz federal James Boasberg ter determinado proibir as deportações de imigrantes segundo a lei de 1798.
Nesta quarta, o juiz considerou que sua ordem foi ignorada "deliberadamente" pelo governo Trump e considerou o fato como um "caso provável" de "desacato judicial", uma decisão da qual a Casa Branca prevê apelar "imediatamente".
- "Terror e trauma" -
Na terça-feira, antes de uma audiência no tribunal, a esposa do imigrante, Jennifer Vasquez Sura, pediu a Trump e Bukele que parassem de "brincar politicamente com a vida de Kilmar".
Na audiência, a juíza Paula Xinis, que solicitou um boletim diário sobre o paradeiro e a situação do salvadorenho, e sobre as ações tomadas ou previstas para "facilitar seu retorno", se queixou de ter recebido "muito pouca informação interessante".
No sábado, um funcionário do Departamento de Estado confirmou pela primeira vez que Ábrego García "está vivo e seguro" na prisão de El Salvador, conhecida como Cecot. Até agora, foram enviados 288 deportados para El Salvador, acusados de serem criminosos e todos foram encarcerados no mesmo presídio.
O Poder Executivo se recusa a fornecer informações sobre as medidas adotadas ou previstas para o seu retorno e faz uma interpretação peculiar da decisão da Suprema Corte. Considera que o tribunal apenas solicita que "remova obstáculos internos que, de outra forma, impediriam que este estrangeiro retornasse" aos Estados Unidos.
Van Hollen não é o primeiro legislador a viajar a El Salvador por este caso.
O congressista republicano Riley Moore publicou, na terça-feira, na rede X que foi ao país visitar a prisão onde estão reclusos os imigrantes deportados pelos Estados Unidos. No entanto, ele apoiou as medidas de Trump.
Os congressistas democratas Cory Booker, Maxwell Alejandro Frost e Robert Garcia também planejam viajar para El Salvador, de acordo com a imprensa americana.
K.Lam--ThChM